Na última sexta-feira (26), o conselho de administração de Magazine Luiza (MGLU3) aprovou um aumento de capital privado no montante de R$ 1,25 bilhão, totalmente garantido pelos acionistas controladores – em R$ 1 bilhão – e pelo Banco BTG Pactual S.A. (BPAC11) – em R$ 250 milhões – e suas afiliadas.
Serão emitidas mais de 640 milhões de novas ações, ao preço de R$ 1,95 cada. Num cenário em que nenhum acionista minoritário participe do aumento de capital, a entrada de R$ 1,25 bilhão vai se concretiza integralmente e a participação da família controladora vai atingir cerca de 58%, acima dos atuais 56%.
De acordo com a varejista, os dois principais objetivos do aumento de capital são:
- – i) diminuir o peso das despesas financeiras (por exemplo, nos nove primeiros meses, o Magalu registrou 6,2% de despesas financeiras líquidas como % das vendas, vs. uma margem EBITDA de 5,8%); e
- – ii) acelerar investimentos em tecnologia, que engloba verticais e iniciativas como marketplace, LuizaLab, experiência do usuário, anúncios, fintech, atendimento e nuvem.
O Bradesco BBI reiterou sua recomendação neutra para a varejista, uma vez que seus analistas consideram justa uma reação positiva a notícia – os papéis chegaram a saltar 7,70% nesta sessão – e esperam ver como o perfil de geração de caixa vai evoluir nos próximos trimestres respaldado por uma estrutura de balanço patrimonial melhorada e mais leve, com flexibilização das condições macroeconômicas.
Na avaliação dos analistas, a onerosa estrutura de capital do Magalu – e, portanto, as despesas financeiras – tem sido um dos principais entraves aos resultados financeiros e ao fluxo de caixa nos últimos anos.
“No início de 2024, este aumento de capital surge num momento favorável, já que as taxas de juro diminuíram e a originação de crédito deve melhorar e, portanto, o consumo discricionário estará sujeito a se beneficiar destas condições”, explicam Flávia Meireles e Pedro Pinto.
Contudo, o movimento, aliado à tendência contínua de expansão de margem, pode levar o gigante de e-commerce a reverter suas perdas e finalmente apresentar lucro novo líquido positivo em 2024.
Analistas do Goldman Sachs se alinham aos pares e veem mérito estratégico na transação, uma vez que a mesma deve proporcionar à empresa maior flexibilidade financeira para investir em iniciativas-chave de crescimento e reduzir a alavancagem geral.
“Destacamos também que a transação proposta, uma vez concluída, deverpermitir à empresa ir além da preocupação dos investidores quanto à possibilidade de uma oferta subsequente pesar no preço das ações”, destacaram os analistas Felipe Rached, Gustavo Fratini e Irma Sgarz. No relatório, reiteraram recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 2,40 em doze meses.