O Bradesco BBI estima que a privatização de Sabesp (SBSP3) pode gerar um múltiplo EV/RAB de, pelo menos, 1,25x (R$ 126,00 por ação) – um upside de 65% de valorização, com risco de alta para 1,70x (R$ 180,00 por ação).
Em relatório assinado pelos analistas Francisco Navarrete e Ricardo França, o Bradesco BBI elenca como os principais motivadores para uma reavaliação para 1,25x EV/RAB:
- – i) quanto Opex (despesas de manutenção) a Sabesp pode cortar e por quanto tempo os reguladores permitirão manter os benefícios do fluxo de caixa;
- – ii) a provável redução da taxa de desconto aplicada pelo mercado; e
- – iii) fechar a lacuna de receita de aproximadamente 4% entre a receita arrecadada da Sabesp e a receita exigida definida pelo regulador.
Contudo, os analistas ressaltaram que o cenário-base de forma alguma simboliza um teto para a avaliação para a Sabesp privada. Na verdade, Navarrete e França acreditam que a projeção parece mais um piso.
Em um cenário otimista que poderia se desdobrar gradualmente após a privatização, o EV/RAB justo da Sabesp poderia até atingir 1,60-1,70x (R$ 168-178/ação). Este potencial de alta dependeria principalmente dos cortes de despesas, níveis de desempenho e da maior compressão da taxa de desconto/TIR da companhia ao longo do tempo.
Dentro de uma a duas semanas, os reguladores darão início a uma audiência pública sobre os novos contratos de concessão que a Sabesp vai assinar com mais de 300 municípios até o final de março. Entre outros pontos, a medida visa diminuir o risco de potencial interferência política nas tarifas. Estes contratos incluirão algumas das regras tarifárias a serem aplicadas após a privatização.
Neste sentido, o Bradesco BBI aumentou seu preço-alvo ponderado por probabilidade para R$ 111,00 para final de 2024, em manutenção dos pesos 20/80 para os cenários de estatal/privarização inalterados.
Esse aumento do preço-alvo (vs. R$ 92 anteriores) foi impulsionado principalmente pelo novo valor justo mais alto para a companhia privatizada, de R$ 126/ação (peso de 80% em nosso preço-alvo ponderado).
Principais riscos:
- – i) um adiamento da sua privatização para depois das eleições municipais no final de 2024. Se um novo prefeito de SP que se opõe à privatização for eleito, isso poderia dificultar o processo e/ou diminuir o valor da empresa privada;
- – ii) a nova regulamentação tarifária eventualmente decepcionar;
- – iii) a exigência de título de concessão a ser pago pela Sabesp para que a Prefeitura de São Paulo assine o novo contrato de concessão;
- – iv) a Sabesp pode perder a ação movida pela prefeitura de São Paulo contra o repasse aos consumidores finais de uma outorga de 4,0% desde 2018 (de uma tarifa total de 7,5%, a reguladora ARSESP permitiu 4% nas tarifas) – impacto negativo no VPL: R$ 2,0 bilhões ou cerca de 2,5% do preço-alvo para a empresa privada.