O primeiro semestre foi marcado por um mix de eventos, em que os fundamentos de curto prazo ainda estavam pressionados, mas a aversão ao risco caiu devido a uma possível queda nas taxas de juros.
Em relatório, o BTG Pactual revisou suas estimativas para empresas do setor de varejo, especificamente sobre os impactos mistos de custos de financiamento mais altos, reabertura econômica e tentativas das empresas de preservar margens e caixa.
Nos trimestres anteriores, analistas sinalizaram o impacto das perspectivas macroeconômicas sobre os players listados, uma tendência que deve persistir, embora com perspectivas mais positivas.
O debate sobre o setor nos próximos trimestres gira principalmente em torno de cinco variáveis:
- (i) altos custos de captação ainda pressiona os resultados, mas possíveis cortes de juros favorecerão ações de long duration e alta alavancagem;
- (ii) alta inflação (uma variável chave que pressiona a renda familiar), mas também ajuda a reduzir as pressões de custos;
- (iii) varejistas mais expostos a famílias de alta renda apresentam números decentes, apesar da desaceleração esperada;
- (iv) alavancagem financeira das empresas como variável-chave; e
- (v) impacto setorial da Reforma Tributária e tributação das plataformas internacionais de varejo.
Apesar do otimismo sobre o desempenho das ações nas últimas semanas, analistas do BTG Pactual não veem uma grande mudança nos fundamentos de curto prazo dos varejistas. Eles afirmam que as taxas de juros prejudicarão seus resultados.
Contudo, as perspectivas são mais favoráveis, pois o custo de financiamento deve cair no segundo semestre, o que reduziria as pressões de alavancagem.
No geral, veem o setor negociado a 18x P/L 2023 e 14x P/L 2024 – o que ainda consideram atraente.
No dilema entre valuation, momentum e questões macroeconômicas, permanecem conservadores na exposição ao setor de varejo, com alguns segmentos ainda com dificuldades no segundo trimestre (base de comparação difícil no ano passado + custos de financiamento mais altos), com um mix preferencial de empresas com poder de precificação e ainda sólido momento, e, portanto, menos espaço para revisões baixistas de lucro (Arezzo – ARZZ3, Grupo Mateus – GMAT3, Mercado Livre – MELI34 e SmartFit – SMFT3).
A melhora constante (e maior visibilidade) do cenário econômico (principalmente a inflação, com as taxas de juros mais baixas no segundo semestre) deve melhorar gradativamente as perspectivas para o consumo geral e a percepção de risco, e assim favorecer teses como Assaí (ASAI3) e Lojas Renner (LREN3), apesar dos fundamentos adversos de curto prazo.