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Crise de energia na China ameaça crescimento econômico. Como o investidor pode se proteger?

Broker da Blue3 explica quais cuidados você precisa ter nesse momento de grande volatilidade

Trabalhadores atuam em cabos de linha de transmissão de energia em Dongguan, na China - Reuters/Stringer
Trabalhadores atuam em cabos de linha de transmissão de energia em Dongguan, na China - Reuters/Stringer

Nos últimos dias, a China foi a principal responsável por agitar o mercado financeiro. Além de uma crise econômica gerada pela queda das commodities e o possível calote da gigante incorporadora imobiliária Evergrande, o país que tem a segunda maior economia do mundo tem um novo problema: a crise energética, que apesar de não ser uma novidade, é a pior desde 2011.

Isso mesmo, não é somente no Brasil e na Europa que esse tema está no centro das discussões. A China vem sofrendo uma crescente crise no fornecimento de energia, resultando em apagões nas casas e obrigando as fábricas a reduzir e cortar a produção, o que consequentemente ameaça o crescimento de sua economia e gera reflexos imediatos para o mercado financeiro. Diante desse cenário de incerteza, uma pergunta que tem sido comum é: como o investidor pode proteger seus investimentos?

Segundo Kevin Oliveira, Broker da Blue3, a melhor coisa para se fazer agora – e que também serve para situações de volatilidade no mercado – é diversificar seus investimentos. “A melhor proteção para o investidor nesse cenário é ter ativos diversificados, não ter em sua carteira somente ações em commodities, mas também em dólar, títulos de renda fixa e outras opções. Fazendo isso, você diminui os riscos e as perdas”, explica.

Diversifique agora e dilua os riscos da sua carteira.

Por ser o maior parceiro comercial da China, a economia brasileira também corre risco de ser afetada pela crise, retardando ainda mais o crescimento do PIB.

“É possível que essa crise energética da China cause alguns reflexos na economia brasileira. Vi alguns analistas dizerem que poderia afetar os preços da energia e causar um aumento da inflação até pelo menos o primeiro trimestre de 2022, podendo se estender, dependendo de como será resolvido o problema”, afirma Kevin.

Qual a razão para a crise de energia na China?

Não há apenas um motivo para a geração do problema, mas sim um conjunto de fatores que criaram uma espécie de “tempestade perfeita”. Ao mesmo tempo que as indústrias estão enfrentando pressão pelo aumento dos preços da energia – resultado do processo de recuperação econômica pós-pandemia de países que dependem dos produtos chineses –, a capital Pequim tenta combater de todas as maneiras as emissões de carbono.

Considerado o maior poluidor do planeta, o governo chinês prometeu neutralizar as emissões de carbono até 2060, com o pico previsto antes de 2030. Para alcançar esse objetivo, autoridades locais endureceram as leis para indústrias de alto consumo de energia, obrigando-as a utilizarem menos combustível fóssil, o que acabou afetando a produção de carvão.

Devido a esse aumento de demanda e à diminuição da mineração, o preço do carvão térmico — usado principalmente para a produção de energia — subiu de US$104 para US$170 por tonelada somente neste ano.

Paralisação das indústrias

Para se ter uma noção da gravidade do problema, diversos fornecedores da Apple e Tesla já suspenderam suas produções em algumas fábricas chinesas por vários dias, para cumprir determinações rígidas de consumo de energia impostas pelo governo chinês, que limitou o uso nos horários de pico em boa parte do país, especialmente em três províncias – Heilongjiang, Jilin e Liaoning – onde vivem cerca de 100 milhões de pessoas.

Kevin Oliveira explica que “por demandarem mais energia para produção, os setores da indústria de aço, alumínio e cimento estão sendo os mais afetados” pelas interrupções na produção.

Reflexos no crescimento econômico da China

Os primeiros efeitos da crise energética na economia já estão sendo percebidos. Dados oficiais do Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE), do governo chinês, apontaram que o setor industrial do país sofreu, em setembro, a primeira contração desde fevereiro de 2020. O Índice dos Gestores de Compras (PMI, em inglês) revelou uma queda para 49,6 pontos, face aos 50,1 pontos registados em agosto. Os cinco subíndices que compõem o PMI – produção, novos pedidos, reservas de matérias-primas, emprego e prazo de entrega – caíram durante o mês.

Diante desse cenário, economistas do mundo todo estão reduzindo as expectativas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) chinês.

Analistas da Nomura (holding financeira japonesa) reduziram a previsão de crescimento para este ano em meio ponto percentual, para 7,7%, alegando o aumento do número de fábricas que paralisaram suas operações. Já os analistas do Goldman Sachs (grupo financeiro multinacional), cortaram a projeção de crescimento de 8,2% para 7,8%.

“Como praticamente o mundo inteiro depende de produtos da China, quando você tem uma redução na produção, automaticamente há reflexos. Essas projeções mostram isso”, finaliza Kevin.

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