A crise no cenário hidrológico brasileiro piorou significativamente durante o mês de agosto e alertou os analistas da XP Investimentos. Segundo Maíra Maldonado e Victor Burke, um “apagão é possível”, já que os níveis dos reservatórios estão em queda.
“Atualizamos nossas estimativas e vemos a probabilidade de racionamento nos próximos 12 meses aumentar para 17,2% de 5,5% no relatório anterior. A crescente probabilidade de um cenário crítico fez com que o governo adotasse medidas preventivas para evitar o racionamento de energia”, disseram.
Segundo o relatório, a situação se deteriora à medida que a quantidade de água que chega às hidrelétricas, em unidade de energia, estão 27,0% abaixo das expectativas. A XP afirma que as gerações de energia hídrica e térmica ficaram 8% menor que o previsto.
“Embora não vejamos o racionamento de energia como nosso cenário base, provavelmente enfrentaremos algumas dificuldades com o sistema de transmissão. Em condições normais, o sistema de transmissão opera em N-2 (lê-se “N menos 2), o que significa que, para cada linha em operação, você tem duas linhas de backup em caso de distúrbios no sistema.”
Uma baixa geração hídrica, portanto, exige mais energia das regiões Norte e Nordeste e pressiona o sistema de transmissão, além de exigir uma operação com menos backups para atender a demanda de energia.
“Isso significa que o sistema ficará mais vulnerável a distúrbios como queimadas, tempestades e falhas humanas”, explicam.
De acordo com os analistas, a probabilidade de racionamento de energia cai para 11,0% caso o governo federal seja bem-sucedido nas medidas anunciadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME), como a contratação de usinas ociosas e importação de energia de países vizinhos, entre outros.
“O ponto de ruptura para o nosso modelo agora é se a energia afluente natural média (ENA) ficar abaixo de 63% da média de longo prazo (anteriormente
55%). De acordo com nossos cálculos, a probabilidade de a ENA ficar em 63% ou menos (portanto, ocorrer racionamento de energia) é de 17,2%”, concluem.