Nesta quinta-feira (30), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) informou que manteve a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2021 em 4,8%.
Segundo os pesquisadores do Instituto, deve haver uma expansão interanual de 4,6% no terceiro trimestre deste ano, impulsionada pelo avanço da vacinação contra a Covid-19 e pela melhora da dinâmica epidemiológica.
Inflação
A inflação brasileira segue pressionada pela desvalorização cambial, alta dos preços internacionais das commodities e crise hídrica, segundo o Ipea.
O instituto projeta uma alta de 8,3% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e de 8,6% para o Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC).
A variação em doze meses do IPCA atingiu 9,68% em agosto deste ano.
No acumulado do ano, até agosto, o IPCA registrou alta de 5,67%, e ultrapassou o limite da banda inflacionária estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2021 (5,25%).
Disponibilidade de caixa
De acordo com os pesquisadores, o crescimento de 1,1% nas despesas primárias de caixa nos governos estaduais, entre os primeiros semestres de 2019 e 2021, em um quadro de aumento real de receita de 6,5%, levou a um superávit primário em 2021 substancialmente superior ao de 2019.
Esse aumento permitiu o acúmulo de volumes significativos de disponibilidade de caixa que alcançaram, para o conjunto das Unidades Federativas (UFs), 22% da Receita Corrente Líquida (RCL), contra uma média em torno de 15% da RCL observada nos anos anteriores.
O aumento, que equivale a cerca de 0,6% do PIB, pode contribuir para uma expansão considerável do investimento dos governos estaduais, que atingiram, no biênio 2019-20, cerca de 0,5% do PIB.
"Porém, os governos estaduais deverão lidar adequadamente com os desafios de evitar que o robustecimento da liquidez seja absorvido em gastos obrigatórios e de identificar boas oportunidades de investimentos", alerta o Ipea.
Esse possível crescimento dos investimentos dos governos estaduais pode atenuar os impactos negativos do aumento dos juros sobre a atividade econômica.
"Apesar da política monetária mais apertada, a economia deve continuar a crescer em 2022 devido às boas perspectivas para os investimentos em capital físico e para a produção agropecuária – com nova safra recorde e retomada do crescimento da produção de carne bovina", avaliou o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.
2022
Para o ano que vem, a projeção para o crescimento acumulado do PIB foi revista de 2% para 1,8%.
Essa revisão, segundo o Ipea, se deu por conta do cenário macroeconômico, com persistência da inflação em patamar elevado, que impactou o poder de compra da população, e com a consequente necessidade de um aperto monetário maior do que o esperado.
Em agosto, o endividamento das famílias brasileiras atingiu o pico histórico, mas, "por outro lado, o crescimento robusto do setor agropecuário e o aumento da disponibilidade de caixa dos governos estaduais – que poderá ser utilizado para ampliar os investimentos – contribuíram para que a revisão para o próximo ano tenha sido pouco significativa", afirmam, em nota.
Ainda para 2022, há expectativa de desaceleração da taxa de crescimento dos preços, tanto para o IPCA quanto para o INPC, em relação à alta projetada em 2021.
Sendo assim, a inflação medida pelo IPCA deve encerrar o ano de 2022 em 4,1%, levemente acima dos 3,9% estimados para o INPC, de acordo com o Instituto.