55% dos brasileiros não guardou nenhum dinheiro em 2020. Esse foi o resultado de uma pesquisa realizada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em parceria com o Datafolha, que ouviu 3,4 mil pessoas da população economicamente ativa das classes A, B e C em todas as regiões do país.
O levantamento apurou que esse cenário se concentra mais fortemente entre os entrevistados da Classe C, na qual estão 74% dos não poupadores. Outros 24% pertencem à classe B e os 2% restantes dos que não pouparam nada durante o ano passado são da classe A.
Para essa maioria que não poupa, o que fazer? É possível criar desde já um plano de previdência e investir mensalmente pensando no futuro, mesmo considerando o desafiador cenário econômico atual? Como calcular o valor ideal?
Como calcular quanto pagar mensalmente?
Segundo Helen Vogt, responsável pelo time de previdência da Blue3, você pode calcular o aporte de duas formas:
Na primeira alternativa, que seria a ideal, você calcula o quanto gostaria de receber mensalmente no futuro para complementar a renda considerando também a aposentadoria do INSS e outros investimentos.
Com esse valor em mente, é possível, no momento da contratação de um produto de previdência, descobrir qual é o aporte mensal necessário para alcançar esse objetivo.
Já a segunda alternativa – indicada para quem ter o orçamento mais apertado -, o melhor caminho é separar uma parte do orçamento e começar a contribuir com o valor que for possível, ainda que este não seja o ideal, e se programar para aumentar os aportes ao longo do tempo, até que eles cheguem ao nível necessário.
“O relógio não para nunca. O seu ‘eu de amanhã’ com certeza vai agradecer por você ter começado agora!”, explica a executiva.
Mas, quais são os tipos de renda disponíveis?
Algumas despesas tendem a diminuir na fase da aposentadoria, como gastos com restaurantes, transportes, vestuário, educação e saúde dos filhos. Em contrapartida, a saúde pessoal e o lazer passam a ser gastos mais prioritários nessa fase da vida.
“Calculamos, normalmente, 70% da renda atual como uma média para manter o padrão de vida nesta fase”, afirma Vogt.
Em consideração a isso, a executiva elenca três tipos de renda disponíveis pelos fundos de previdência privada e suas peculiaridades.
A renda mensal vitalícia, exclusiva para o titular. Ou seja, em caso de falecimento não existe reversão a filhos e outros.
A renda prazo certo, que pode ser revertida aos beneficiários, desde que por um prazo estipulado – ou seja, limitada.
E uma terceira via, em que não se solicita a renda de aposentadoria e o indivíduo faz saques esporádicos, conforme a necessidade.
Dentre as três, como escolher o melhor formato?
Por fim, Vogt ressalta a importância de que o contratante entenda qual o formato de renda se encaixa melhor ao seu estilo de vida.
No caso dos saques esporádicos, a executiva ressalta que o indivíduo precisa estar certo de sua opção e ser bem controlado, para resgatar suas aplicações aos poucos e a reserva durar o tempo que for necessário.
“Se esta for sua opção, você precisa que os fundos de previdência entreguem uma boa rentabilidade e busquem uma estratégia de preservação de capital sem correr muito risco com esta parte do seu patrimônio”, alerta.
Os resgates parciais possuem uma carência de 60 dias na maioria dos planos comercializados anualmente. Ou seja, você só pode movimentar o fundo de previdência de 60 em 60 dias.
“Programar esses saques para que o valor necessário seja utilizado durante dois meses será importante ou você pode ter mais de um certificado e aí sacar de forma intercalada”, recomenda.
E se eu não conseguir guardar tudo isso agora. O que eu faço? Não guardo nada?
Como afirmado acima, você deve começar a calcular e separar parte de suas aplicações mesmo com pouco. E então, gradativamente, com mais segurança da separação desses recursos, elevar a quantia separada para dispor de uma margem mais confortável no futuro.
Quanto aos três tipos de renda informados, Vogt afirma que contratado o tipo de renda por um fundo de previdência privada, você pode, caso queira, trocar a modalidade.
“A boa notícia é que isso você pode decidir só quando for se aposentar. Essa parte do contrato pode ser alterada, ou seja, lá na frente você vai avaliar e escolher o que mais se encaixa. O importante é começar”, conclui.