As dificuldades financeiras que já assolavam o futebol brasileiro nos últimos anos chegaram ao patamar de crise em 2020 por conta da pandemia. No primeiro semestre deste ano – época em que as medidas de distanciamento social pelo governo foram mais rígidas –, a consultoria Sports Value projetou que os cem maiores clubes brasileiros teriam prejuízos que, somados, chegariam a R$ 1,1 bilhão, impactados pelas perdas nos programas de fidelidade de torcedores e queda nas verbas de TV e ingressos de jogos.
Mas a Covid-19 foi apenas um empurrão mais forte em direção ao abismo. Desde 2017, os clubes brasileiros já enfrentavam dificuldades financeiras: a receita em patrocínio, por exemplo, caiu mais de R$ 130 milhões de 2017 para 2018, segundo outro relatório da consultoria.
Em um cenário como este, é possível encontrar alternativas no mercado financeiro? De fundos de investimento até listagem em bolsas de valores, alguns clubes fizeram gols fora dos campos e encontraram alternativas para driblar problemas financeiros.
Conheça alguns dos cases de sucesso:
1. FIDCs
O São Paulo Futebol Clube foi o primeiro do Brasil a lançar um fundo de investimento no mercado. Lançado no ano passado, o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios chamado Brasileirão Fidc-NP é gerido pela Ouro Preto Investimentos e é destinado a investidores profissionais.
A garantia oferecida pelo tricolor foi 50% do contrato de transmissão pay-per-view de jogos com a Rede Globo. Com rentabilidade alvo de 160% do CDI, o fundo deve pagar juros até março de 2023. O fundo é classificado com baixo risco de crédito, com rating brA-, segundo a avaliação da agência Standard & Poor’s.
2. Clubes de futebol na bolsa de valores
Nenhum time brasileiro se aventurou na B3, a bolsa brasileira, ainda, mas não faltam exemplos no exterior. Alguns dos europeus: Manchester United, da Inglaterra, Roma, da Itália e Borussia Dortmund, da Alemanha.
Para esses times, os movimentos dentro de campo refletem o desempenho das ações. Com o futebol parado durante a pandemia de coronavírus, os papéis da Juventus, da Itália, chegaram a cair 39%.
3. Clube-empresa no Brasil
Hoje, a maioria dos clubes de futebol brasileiros são, juridicamente, associações sem fins lucrativos. No entanto, a indústria por trás do esporte pode forçar uma transformação para empresas, com objetivo de lucro e dominação do mercado, como em outros setores.
Entre polêmicas, a possibilidade foi aprovada em 2019 na Câmara dos Deputados. O Red Bull Bragantino, por exemplo, é do conglomerado de bebidas energéticas e o Botafogo, do Rio de Janeiro, está caminhando para adotar o modelo de clube-empresa.