Ainda na escola, aprendemos como funcionam os juros simples e compostos. Os simples são fáceis de entender: periodicamente, o dinheiro rende a partir de uma porcentagem do valor inicial. Assim, ele cresce sempre no mesmo ritmo ao longo do tempo, independentemente do montante. Já os juros compostos são um pouco mais complicados.
Conhecidos como "juros sobre juros", eles fazem o valor total crescer exponencialmente ao longo do tempo, isso porque o valor acrescido no mês soma-se ao valor inicial aplicado, aumentando também proporcionalmente os juros que você receberá no próximo. Esse é o chamado "efeito bola de neve", comum (e perigoso) quando está relacionado a dívidas como cheque especial e cartão de crédito, pois em poucos meses podem transformar uma pequena dívida em uma fortuna difícil de quitar.
Porém, quando aplicados aos investimentos, os juros compostos podem ser um grande aliado dos investidores.
Quer saber como aproveitá-los para alcançar seus objetivos? Confira!
Como calcular?
Na teoria, para calcular os juros compostos existe uma fórmula de matemática financeira: M = C (1+i) . Ela representa que o montante final é igual ao capital aplicado, multiplicado por ele mesmo e pela taxa de juros, tudo isso elevado a "n", que é o período de tempo.
Para quem não estuda matemática financeira ou não tem muita facilidade com fórmulas, o cálculo pode parecer complicado. Porém, mais importante do que se enrolar com a calculadora é entender como a lógica dos juros compostos funciona e claro como ela pode trabalhar a favor do seu bolso. Confira um exemplo da diferença (e vantagem) dos juros compostos sobre os juros simples:
Imagine que você tem R$ 100 investidos, a uma rentabilidade mensal de 1% ao mês. Caso o cálculo da rentabilidade seja por juros simples, a cada 30 dias que o seu dinheiro ficar aplicado, R$1 será adicionado aos seus R$ 100. Ou seja: no segundo mês, você terá R$ 101; no terceiro, R$ 102, e assim por diante.
Já no caso dos juros compostos, depois de 30 dias você teria R$ 101, da mesma forma que nos juros simples. Contudo, no segundo mês, a rentabilidade não seria mais calculada sobre os R$ 100 investidos, mas sobre o montante atual, R$ 101. Assim, em vez de R$ 1, sua aplicação no segundo mês renderia R$ 1,01. Um centavo a mais parece pouco, mas lembre-se: aplicações seguem a lógica de longo prazo. Então vamos pensar em décadas em vez de meses:
Com juros simples: em 30 anos, seus R$ 100 seriam transformados em R$ 460.
Com juros compostos: no mesmo período, mesmo se não aplicasse nenhum centavo além do valor inicial, retiraria ao final das três décadas por volta de R$ 3 mil.
Viu a enorme diferença? Então confira como os juros compostos podem fazer o seu patrimônio crescer:
Investimentos com juros compostos na renda fixa
No mundo dos investimentos, há diversas aplicações de renda fixa que possibilitam bons resultados com a utilização dos juros compostos. É necessário, entretanto, que se reinvista o capital, a fim de criar um efeito de "bola de neve" a longo prazo, ou que o investidor realize aportes mensais para aumentar gradativamente o montante e, naturalmente, os juros que incidirão sobre ele. Confira alguns exemplos:
Tesouro Direto
O Tesouro Direto é um dos ativos mais populares da renda fixa. Isso porque ele possui um risco muito baixo, já que você comprará títulos do governo brasileiro, o que significa que o risco de calote é quase zero. A modalidade perfeita para aproveitar o poder dos juros compostos para projetos de longo prazo, como o planejamento da aposentadoria.
A modalidade oferece títulos prefixados e pós-fixados (atrelados à taxa Selic e IPCA), que pagam juros conforme a variação desses dois indexadores.
Quer saber quanto terá de patrimônio no futuro com essa modalidade? No site oficial do Tesouro Direto tem um simulador de títulos que orienta o investidor de acordo com seus objetivos e possibilidade de investimento.
Escolhendo, por exemplo, a aposentadoria como objetivo e título com vencimento acima de 10 anos que garanta rentabilidade acima da inflação algo importante quando se pensa no longo prazo -, uma das opções que o sistema oferece é o Tesouro Direto IPCA+ 2045.
Investindo, hoje, R$ 100 nesse título, e aplicando todos os meses mais R$ 100, você retirará mais de R$ 69 mil na data do vencimento.
Confira o resultado do simulador para esse exemplo:
Nessa simulação, seus R$ 100 mensais somaram R$ 28.500 ao longo das três décadas. O restante é rentabilidade gerada pelos juros compostos.
Confira outros investimentos de renda fixa que rentabilizam da mesma forma que o tesouro direto:
CDB
O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um título emitido por instituições bancárias que utilizam esse capital para realizar suas atividades de crédito. Ou seja, ao investir em um CDB você estará emprestando dinheiro a um banco, que retornará o valor com juros que normalmente estão atrelados ao CDI.
LCI e LCA
Na LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) você "emprestará" dinheiro para uma instituição financeira para receber os juros dessa aplicação.
A diferença entre os dois é o tipo de lastro. O primeiro está relacionado à carteira de empréstimos do setor imobiliário. Já o segundo será usado por empresas ligadas ao agronegócio.
Vale lembrar que o Imposto de Renda não incide sobre esse tipo de investimento, o que torna a sua rentabilidade ainda mais atrativa.
E na renda variável?
Embora a renda variável não permita que o investidor saiba previamente quanto será seu rendimento, é possível utilizar o conceito de juros compostos em ativos dessa modalidade, por exemplo, reinvestindo o valor recebido pelos dividendos na compra de novas ações ou cotas de fundos de investimento, criando a sua própria "bola de neve" de rentabilidade.