Com o avanço da Inteligência Artificial (IA), foi possível identificar repetição de discurso racistas por meio dessas tecnologias. Neste cenário, o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) criou a Deb. A IA “nasceu” em maio de 2024 para promover a igualdade racial e fomentar discussões sobre diversidade, equidade e inclusão.
Em uma entrevista exclusiva à SpaceMoney, Pedro Barros, Líder da Aldeia Deb, conta sobre a criação, o treinamento e os desafios enfrentados pela ferramenta brasileira.
Criação da IA
A Deb nasceu em resposta a um contexto social onde a tecnologia é utilizada para aprendizado e aprimoramento de processos. A criação da IA antirracista reflete o desejo do ID_BR de usar a tecnologia para amplificar a transformação social e combater a desigualdade racial.
“A Deb é uma IA que se afirma como antirracista, como promotora da Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) porque nosso sonho não pode ser alcançado só com alguns”, explica Pedro Barros.
“Ele é para toda a nossa sociedade”, afirmou.
Como tenho acesso a Deb?
Para usar a Deb é simples: digite @chamaadeb na barra de pesquisa do Instagram, siga o perfil e inicie uma conversa pelo chat privado. Nessa conversa, você poderá tirar dúvidas e aprender mais sobre temas relacionados a inclusão.
Como uso a Deb?
No chat, mande a pergunta e espere a resposta diretamente. Por exemplo, ao ser perguntada “o que é igualdade racial?”, a Deb responde: “A igualdade racial é um princípio que busca garantir que todas as pessoas, independentemente da cor da pele ou origem étnica, tenham as mesmas oportunidades, direitos e tratamento justo na sociedade”.
Ela ainda pergunta o que você acha sobre a importância da igualdade racial.
Treinamento e parâmetros da Deb
O treinamento da Deb é conduzido por um time de especialistas em antirracismo e DE&I. A IA é alimentada com informações sobre conceitos fundamentais, debates e práticas relacionadas à diversidade racial.
A plataforma aprende todos esses conceitos com quem pesquisa, trabalha e estuda isso todos os dias: o time de especialistas do ID_BR.
“Para termos uma IA Antirracista, precisamos que essa IA compreenda o que é antirracismo. Isso é uma prática. Por isso a atualização deve ser realizada diariamente”, comentou Barros.
Atualizações e relevância
O conhecimento da Inteligência Artificial é mantido em dia com as novas discussões e tendências no campo da diversidade e inclusão. “Podemos afirmar que a Deb passa por uma atualização quase que diária“, afirma Barros.
Diferenças e funcionalidades exclusivas
“A Deb veio para furar bolhas, enviesar o debate de forma respeitosa”, explicou Barros ao ser questionado sobre a diferença da IA em relação a outras tecnologias do mercado. A Deb se diferencia ao abordar os tópicos sempre a partir de uma perspectiva racializada.
Além disso, a Inteligência é acessada através do Instagram, oferecendo uma interface simples e segura para os usuários. A IA funciona 24 horas por dia e sete dias por semana (24/7), e o que é discutido com ela permanece confidencial.
A IA brasileira “se difere porque ela se compromete a ser enviesada e jamais abdica de garantir um espaço seguro para você trazer suas questões relacionadas à pauta antirracista, da DE&I e outros temas também”, resumiu o líder da Aldeia Deb.
O Brasil é o 4º pais que mais utiliza o ChatGPT. E esse sucesso das Inteligências Artificias também pode ser sentido pela Deb. Os usuários têm respondido positivamente à IA, utilizando-a para aprender sobre vários temas relacionados à diversidade.
A atriz e apresentadora Xuxa Meneghel testou a tecnologia. Durante o “Prêmio Sim à Igualdade Racial“, a apresentadora perguntou a Deb: “eu, como uma pessoa branca, posso dizer que eu gostaria de ter nascido negra?”.
E a resposta foi a seguinte: “A estética é a apenas uma das mil características inerentes da mulher preta ou parda. Xuxa, não é que você não pode, mas talvez não deva falar isso sem uma ressalva de todo o contexto de uma vivência feminina negra.”
Barros comentou que muitos educadores têm recorrido à Deb para pensar suas atividades diárias no âmbito educacional do ensino básico. A tecnologia é sempre questionada sobre conceitos como “o que é raça?”, “o que é etnia?” e “o que é significa a letra A na sigla LGBTQIAPN+?”.
Porém, o líder da Aldeia Deb comentou que a IA ainda tem que lidar com o racismo. “Sim, há casos em que pessoas vão conversar com a Deb para ofendê-la”.
Expansão da Deb
A equipe de desenvolvimento da Deb pensa na adição de novas funcionalidades, como a capacidade de conversar por áudio e analisar dados fornecidos pelos usuários.
“[Queremos] tornar a Deb disponível em outros espaços “, diz Barros. A ideia é que ela poderá “analisar um processo de recrutamento da sua instituição e te ajudar a torná-lo mais inclusivo, por exemplo”.
Desafios
O maior desafio no desenvolvimento da Inteligência Artificial foi a captação de recursos necessários para concretizar o projeto.
“Se para muitas empresas é difícil conseguir os recursos necessários para começar um projeto, imagina os desafios para uma organização sem fins lucrativos que é fundada para promover igualdade racial?”, pontua Barros.
O líder da Aldeia Deb agradeceu aos apoiadores do projeto. “Desde o início contamos com parceiros e doadores, a quem agradecemos muito por estarem nessa jornada com a gente”.
Ele ainda ressalta que qualquer pessoa ou instituição pode apoiar o projeto, basta entrar em contato com o ID_BR.