Apesar do ambiente macroeconômico global desafiador, com altas taxas de juros, inflação persistente e riscos geopolíticos, o mercado de fusões e aquisições (M&A) manteve-se em crescimento.
O novo relatório da Bain & Company revelou que o valor total de fusões e aquisições estratégicas aumentou 24% no primeiro semestre de 2024, atingindo US$ 962 bilhões.
Esse aumento reflete a busca das empresas por sinergias de custo e crescimento, especialmente nos setores de energia e tecnologia.
Mesmo com a intensa fiscalização regulatória e o alto custo de capital, as transações de M&A continuaram a acontecer em volume significativo. Segundo o relatório, o desempenho do primeiro semestre de 2024 foi semelhante ao registrado no final de 2023, consolidando a recuperação do mercado global de fusões e aquisições.
Setores em destaque
Quatro setores se destacaram nas atividades de M&A em 2024: energia, tecnologia, produção industrial e saúde.
1. Energia e recursos naturais
O setor de energia foi responsável por uma movimentação significativa, com US$ 248 bilhões em negociações, um aumento de 25% em relação aos US$ 196 bilhões registrados em 2023.
A ExxonMobil liderou o movimento de consolidação com uma oferta de US$ 60 bilhões pela Pioneer, seguida pela aquisição da Hess pela Chevron por US$ 53 bilhões.
Apesar do foco crescente em transição energética, 90% dos negócios no setor de energia foram relacionados a petróleo e gás, indicando a continuidade da dependência global desses recursos.
2. Tecnologia
O setor de tecnologia também se destacou, dobrando o valor das transações em comparação com o ano passado, de US$ 74 bilhões para US$ 139 bilhões.
No entanto, o volume de negócios foi menor, reflexo da dificuldade de compradores e vendedores em alinhar expectativas de avaliação.
A principal negociação foi a oferta da Synopsys pela Ansys, no valor de US$ 35 bilhões, buscando sinergias de receita de US$ 400 milhões. Além disso, o apetite por IA generativa cresceu, com US$ 7,5 bilhões investidos em startups de IA nos primeiros três meses do ano.
3. Produção industrial
O setor industrial focou principalmente em fusões de escala, com 70% das negociações visando a criação de sinergias de custo. A oferta da International Paper pela DS Smith, do Reino Unido, expandiu a presença geográfica da empresa e deve gerar sinergias de US$ 500 milhões.
A Owens Corning, com a aquisição da Masonite, também ampliou seu portfólio de produtos, agregando mais US$ 125 milhões em economia de custos.
4. Saúde
O setor de saúde continua a ser um dos maiores catalisadores de fusões e aquisições, com foco na otimização de portfólios e crescimento em áreas terapêuticas específicas.
A separação da Solventum pela 3M foi um dos maiores exemplos de desmembramento em 2024, e a Baxter também anunciou planos de desmembrar sua unidade de cuidados renais no segundo semestre do ano.
Tendências futuras em M&A
De acordo com a Bain & Company, a fusão entre flexibilidade e inovação será determinante para o sucesso das transações de M&A nos próximos meses.
A persistente questão das taxas de juros globais e as incertezas geopolíticas, especialmente com as eleições nos Estados Unidos, continuarão a influenciar as negociações.
Além disso, o interesse crescente em IA generativa, como visto nas movimentações de capital no setor de tecnologia, deve moldar o cenário das fusões e aquisições no curto prazo.
Apesar dos desafios, o crescimento de 24% no valor total das transações em 2024 mostra que empresas que conseguem se adaptar a este cenário em constante mudança têm grandes chances de colher os melhores resultados, utilizando fusões e aquisições tanto para expandir o mercado quanto para gerar economias de custo significativas.
As informações são de RPMA Comunicação.