“Era uma vez…” se você já ouviu essas palavras antes, é porque foi afetado em menor ou maior grau pela metodologia Disney.
A casa do Mickey é uma das maiores empresas do planeta, responsável por algumas das animações mais clássicas do mundo inteiro, além de ter um império indiscutível de parques, franquias e atuações em diversos segmentos.
Tudo isso só foi possível de ser alcançado graças à “Metodologia Disney”, composta pelo cuidado com a excelência em cada ação realizada, investimentos agressivos, reaproveitamento de ativos e diversificação na atuação.
Isso tudo é fácil de falar agora que a empresa já está colhendo resultados, porém, quem acompanhou a história da Disney sabe que as coisas não foram sempre assim. Quer ver? Então, siga a leitura desta Spacedica e veja se pode tirar algumas lições importantes para lidar bem com suas finanças.
A Disney e a crise do começo dos anos 2000
Era uma vez uma empresa chamada Disney, que tinha descoberto a fórmula do sucesso criada pelo seu fundador, Walt Disney. O segredo do sucesso da Disney era controlar a oferta e a demanda do seu mercado ao estabelecer operações em duas áreas.
De um lado, a metodologia Disney dizia que era necessário produzir filmes animados para encantar as crianças. Isso criava a demanda. Do outro, ela era a responsável pelos parques temáticos na Califórnia e em Orlando, onde as crianças iam para se divertir e viver a magia vista nos filmes. Essa era a oferta.
Por anos, a metodologia Disney deu ótimos resultados e a empresa nunca pensou em mudar, diversificar ou adotar ações arrojadas no mercado. Afinal, não se mexe em time que está vencendo, não é mesmo?
Isso durou até a década de 90, que foi muito positiva para a Disney. A empresa lançou vários sucessos no cinema, incluindo Pocahontas, O Estranho Mundo de Jack, Hércules, 101 Dálmatas, Aladdin, Mulan e, claro, O Rei Leão, criando uma nova geração de fãs que alimentaria o seu modelo de negócios por décadas a vir.
Ou, na verdade, só até a virada do século.
Um grupo de vilões da metodologia Disney entra em cena
Com a virada do século, a Disney começou a sentir as fragilidades da sua antiga metodologia. Tudo começou com um vilão impensável: o ataque terrorista de 11 de setembro ao World Trade Center e ao Pentágono nos EUA.
O evento disparou uma onda de medo nos turistas, que passaram a evitar os parques da Disney com medo de que eles fossem alvos de novos ataques. Isso diminuiu a capacidade de Disney entregar a oferta do seu método. Do outro lado, na criação de demanda, as coisas também iam mal.
Em primeiro lugar, surgiram duas concorrentes de peso: a Dreamworks, com o Shrek, e a Pixar, com a sua série de clássicos como Toy Story, Os Incríveis, Carros e Procurando Nemo. Em segundo lugar, os próprios filmes da Disney no começo dos anos 2000 não entregavam bons resultados e foram fracassos de crítica e de público.
Esses três “vilões”, o impensável, a concorrência e o próprio fracasso da Disney, trouxeram o fim da metodologia da empresa. A Disney quase chegou ao fundo do poço e acumulou uma série de prejuízos. Quando a situação chegou ao seu ponto mais baixo, a empresa precisou mudar.
O surgimento da nova metodologia Disney
Com o prejuízo tomado no começo dos anos 2000, a Disney precisou mudar o seu método de fazer negócios para se manter relevante no mercado. Afinal, mesmo um dos maiores impérios do mundo pode ruir se ficar preso a uma metodologia que não dá resultados.
Em 2005, Bob Iger se tornou o CEO da Disney e começou a formular uma nova metodologia Disney para adaptar a empresa para os novos tempos. Uma das primeiras ações da nova visão da empresa foi reforçar a segurança dos parques para tranquilizar os visitantes e interromper a sangria para criar uma reserva financeira.
Ou seja: os ganhos com o parque seriam a pedra de segurança da Disney para proteger a empresa, caso outras ações fracassassem. Para garantir que o parque sofreria menos com vilões inesperados, a nova Disney tornou regra a excelência em todos os pontos de atuação e contato com os clientes. Isso significou treinar e equipar os funcionários do parque para um atendimento perfeito, capaz de tranquilizar e realmente transmitir a magia do lugar para os visitantes.
Em seguida, a Disney começou a buscar crescimento no mercado com uma estratégia tripla: uma ação de crescimento agressivo, reaproveitamento de ativos e diversificação. O crescimento agressivo vem na aquisição intensa de ativos lucrativos. A primeira aquisição de Iger foi a Pixar. Em seguida, a Casa do Mickey comprou a Marvel no começo do seu Universo Cinematográfico.
Já em 2012, a aquisição foi da Lucasfilm, dona de Star Wars. Por fim, a Disney comprou a 21th Century Fox em um dos negócios mais polêmicos dos últimos anos por aproximar a Casa do Mickey de um monopólio cinematográfico.
A segunda parte da estratégia foi o reaproveitamento de ativos em baixa para torná-los mais lucrativos. Isso pode ser visto pela produção de live-actions das suas animações clássicas, o que reacende a paixão das crianças por elas e volta a valorizar o parque. O mesmo foi feito com a Marvel (comprada no início do Universo Cinematográfico) e Star Wars (que se tornou mais popular depois dos novos filmes).
Por fim, a Disney diversificou sua atuação para evitar ficar dependente dos seus próprios filmes. Além do trio Pixar-Marvel-Lucasfilm fazendo suas próprias criações, a empresa ainda é dona do canal de TV ABC, da ESPN, dos Muppets e do recém-lançado Disney+.
O resultado dessa estratégia nos últimos 15 anos foi impressionante. Além dos bilhões colecionados nas bilheterias de cinema e ingressos dos parques temáticos, a Disney se tornou mais importante culturalmente do que jamais foi.
Para se ter uma noção, se você tivesse investido R$1.000,00 em ações da Disney quando Bob Iger foi anunciado como o novo CEO, teria hoje R$4.600,00, um crescimento próximo de 370% (em termos comparativos, o índice S&P 500 cresceu 250% no mesmo período).
O que tudo isso significa para os seus investimentos
Agora que vimos a história de queda, reinvenção e ascensão da Disney, o que a nova metodologia da empresa pode nos ensinar? Vejamos o que a Casa do Mickey fez nos últimos 15 anos:
- os parques ajudam como fonte de renda e reserva financeira contra crises;
- os investimentos agressivos permitiram montar uma carteira muito lucrativa;
- a compra ou o aproveitamento de ativos em baixa permitiu coletar muito lucro no longo prazo;
- a diversificação de áreas ajudou a balancear a carteira e torná-la mais segura.
Não parece uma estratégia interessante para aplicar nos seus próprios investimentos? Você pode:
- estabelecer uma reserva financeira;
- diversificar sua carteira para se proteger;
- aproveitar a proteção para se permitir ser mais arrojado;
- buscar ativos em oportunidade de compra e reaproveitamento.
E aí, o que você achou desta história? Se inspirou na metodologia Disney para ver seus investimentos de outra forma? Se sim, compartilhe o conteúdo nas suas redes sociais e marque alguns amigos para que eles também façam essa reflexão!