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Long & Short: entenda as vantagens, riscos e tributação

Long & Short: entenda as vantagens, riscos e tributação

As operações Long Short (também chamadas de Long & Short ou de Arbitragem) são uma opção de estratégia na bolsa de valores para investidores que já passaram do nível básico de conhecimento e começam a se interessar por técnicas mais avançadas.

Por serem operações complexas, que envolvem muitas garantias e altas somas, é muito importante entender o funcionamento desse tipo de investimento antes de realizá-lo, a fim de evitar erros que podem custar muito caro.

No entanto, se feitas corretamente, as operações Long Short podem gerar um lucro considerável ao investidor, em qualquer momento de aplicação, mesmo nos cenários de queda da bolsa de valores. Quer saber como? Então siga a leitura para entender tudo sobre a estratégia!

O que são as operações Long e Short e como funciona cada uma?

Para entendermos como é o funcionamento da operação Long Short, precisamos compreender que se trata de uma estratégia alavancada que mistura duas operações diferentes: a Long (comprada) e a Short (vendida).

Uma operação Long é um movimento “básico” da Bolsa de Valores. Na maior parte das vezes em que falamos de investir em ações, estamos mencionando esse tipo de estratégia. O conceito central de uma operação Long é comprar uma ação, esperar que ela valorize e depois vendê-la, ficando com o lucro para si.

Isso acontece ao realizar uma análise gráfica (identificando padrões de movimentos de uma ação) ou fundamentalista (estudando o cenário econômico em que determinada empresa está inserida) para encontrar oportunidades de ganho financeiro.

Um exemplo simples é comprar ações de uma loja de departamentos antes da Black Friday e do Natal, na expectativa de que os eventos causem bom resultado financeiro para a empresa, o que valorizaria seus papéis. Depois, o investidor vende as ações e coleta o lucro.

Já uma operação Short é diferente. O objetivo é lucrar apostando “contra” um determinado ativo, ou seja, vender um ativo que você não tem (chamado de Venda Descoberta) e depois recomprá-lo com um preço menor, gerando lucro.

Por exemplo, suponha que você fez uma análise gráfica de uma ação de um banco e percebeu que ela está em uma sequência anormal de valorização e que, portanto, é razoável imaginar que vai se desvalorizar em breve.

Suponha que você alugou 100 ações de uma empresa a R$15,00, totalizando R$1.500,00. Então, vendeu esses ativos e, 1 dia depois, eles se desvalorizaram para R$13,00. Nesse momento, você os recompra por R$1.300,00 e devolve à corretora, lucrando R$200,00.

Então, o que é uma operação Long Short?

Uma operação Long & Short, como o nome indica, é uma estratégia estruturada que combina um movimento simultâneo de uma operação Long e uma operação Short para lucrar no mercado futuro. Na prática, o investidor realiza uma operação Short e obtém uma ponta vendida. Em seguida, pega o dinheiro obtido e faz uma operação Long (obtendo uma ponta comprada).

A ideia é que a variação entre os dois ativos seja tal que o investidor receberá um ganho considerável no fim da operação. O objetivo aqui é que a ponta comprada se valorize mais (ou se desvalorize menos) do que a ponta vendida. Assim, o investidor tem lucro.

Por exemplo, vamos supor que você realizou uma operação Short no valor R$100.000,00 com a Ação A. Em seguida, pegou o dinheiro e investiu R$100.000,00 na Ação B.

Durante o dia, a Ação B se valorizou 5% (R$105.000,00), enquanto a Ação A perdeu 5% do seu valor (R$95.000,00). Ao zerar as posições, o investidor coleta R$10.000,00 de lucro (de onde serão pagos as taxas de corretagem, de aluguel e os impostos).

Um dos pontos interessantes das operações Long & Short é que elas são capazes de dar lucro ao investidor mesmo que os dois papéis se desvalorizem. Na verdade, basta que a ponta comprada perca menos valor que a ponta vendida para que o negócio seja bem-sucedido.

Apenas para mostrar isso, imagine que a Ação B (ponta comprada) do nosso exemplo anterior tenha se desvalorizado 5%, indo a R$95.000,00. Já a Ação A (ponta vendida) se desvalorizou 10%, indo a R$90.000,00. Na liquidação da operação, o ganho é de R$5.000,00.

Uma operação Long & Short envolve muitos riscos. Afinal, se a ponta vendida se valorizar mais (ou desvalorizar menos) que a ponta comprada, o investidor deve arcar com o prejuízo. Para mitigar os riscos, é necessário ter atenção a algo chamado de Índice Beta. Veja a seguir do que se trata!

O que é o Índice Beta?

O conceito central de uma operação de Arbitragem é apostar na variação da correlação de preços de dois ativos, como as ações A e B do exemplo anterior. Por isso, quanto mais forte for a correlação, menores serão os riscos da estratégia.

O Índice Beta é justamente o medidor da correlação histórica de preços entre dois ativos. Ele funciona ao dividir o preço da ação mais cara pelo papel mais barato.

Quais os tipos de operações Long Short existentes?

Ao todo, existem 4 principais tipos de operações Long Short no mercado. Eles são classificados pela relação entre as ações usadas para montar a estratégia. São eles:

  • intrasetoriais: são operações montadas com base na correlação de preços de duas empresas que operam no mesmo setor. De certo modo, é como apostar na vitória de uma companhia e na derrota do seu concorrente. Por exemplo, Magazine Luiza x Via Varejo;
  • intersetoriais: são operações raras, que envolvem a correlação de preços de ativos de empresas de diferentes setores do mercado. É muito difícil haver uma correlação interessante entre companhias de ramos diferentes. Por exemplo, Banco Itaú x Petrobras;
  • controlada vs. controladora: são operações Long Short montadas com ações de uma empresa controladora e outra que faz parte do seu grupo. Como estão intimamente ligadas (afinal, a companhia controlada representa parte dos ganhos ou perdas da controladora), há uma correlação forte de preços para realizar a estratégia. Por exemplo: Banco Itaú x Itau S.A.;
  • ON vs. PN: são operações Long Short muito comuns pois usam ações de uma empresa, o que gera risco baixo, já que a correlação de preços dos papéis é alta. Na prática, a ideia é usar as ações ordinárias e preferenciais para compor a estratégia. Exemplo: PETR3 X PETR4.

Quais os riscos e tributações envolvidos nas operações?

Como se trata de um investimento em Renda Variável, não há garantias ou proteções contra perdas financeiras para o investidor que realiza uma operação Long Short.

O principal risco desse tipo de ação é ela dar errado, ou seja, a ponta vendida ter valorização maior ou desvalorização menor do que a ponta comprada. Além disso, caso elas tenham a mesma variação, então, o investidor também perderia, pois teria de lidar com os custos da operação.

Margem de garantia

Realizar uma operação Short exige que o investidor ofereça garantias à corretora que é a dona das ações. Afinal, você está alugando os ativos da empresa e vendendo para comprá-los depois. Se não tiver dinheiro para recuperar os papéis, não conseguirá devolvê-los. Por isso, a corretora exige uma garantia para não sair no prejuízo.

Cada corretora define o que aceita como garantia para operações Short, mas, normalmente, são aceitos Títulos Públicos, CDBs, Ações, Dinheiro ou uma Carta-Fiança. Vale a pena consultar a sua corretora para saber o que é válido como garantia antes de fazer a operação.

Além da garantia em si, a Bolsa de Valores exige algo chamado margem de garantia para a realização de operações Long Short. Trata-se de um intervalo de recursos na conta para garantir que o investidor terá condições de arcar com a estratégia.

A margem de garantia depende do ativo e não há como calcular isso de antemão. É preciso consultar as taxas na Bolsa de Valores. Apenas para exemplificar como as coisas funcionam, suponha que você realizou um Short de R$100.000,00 de um ativo com margem de garantia de 110%. Nesse caso, você terá de oferecer o equivalente a R$110.000,00. Como você recebeu R$100.000,00 da venda do ativo alugado, precisaria de apenas R$10.000,00 em títulos públicos, ações ou dinheiro como garantia.

Impostos

Há incidência de tributação dos ganhos obtidos em uma operação Long Short. A variação é na duração da estratégia. Se ela durar mais de um dia (que é o normal), o tributo é de 15% no lucro. Já se for realizada no mesmo dia (day-trade), a taxa é de 20%.

Custos operacionais

Além dos impostos, existem outros custos que devem ser considerados ao realizar uma operação Long Short. O primeiro deles é o aluguel da ação, que será a ponta vendida da estratégia.

Normalmente, o aluguel costuma ser muito barato. Um ativo valorizado e com liquidez, normalmente, tem custo ao redor de 2% ao ano, que é o equivalente a 0,166% ao mês. Se a operação durar só alguns dias (o que é normal), esse valor é ainda menor.

Além disso, há incidência dos outros custos normais para operações na Bolsa de Valores, como a corretagem, emolumentos e taxas B3.

Quais as vantagens de realizar um Long Short?

Agora que você já entendeu como funciona uma operação Long Short, ela parece incompatível com o seu perfil de risco? Então, confira algumas das vantagens de realizar essa estratégia!

Alavancagem

Um dos benefícios de realizar um Long Short é que você não precisa ter muito dinheiro para fazê-las, basta ter o que dar de garantia para o aluguel dos ativos. Isso porque é permitido fazer alavancagem na operação.

Isso significa que você pode usar o crédito obtido na venda das ações na ponta vendida para comprar os ativos da ponta comprada. Portanto, você pode começar sem nada, realizar a operação e ainda sair com lucro.

Independência do resultado do mercado

Outra vantagem da estratégia Long Short é que ela pode ser feita independentemente do estado do mercado. Como você ganha na correlação entre preços de dois ativos, não importa se a Bolsa de Valores vai bem ou mal para ter lucros.

Aplicação feita a qualquer momento

Como os seus lucros estão independentes do movimento do mercado, você pode realizar uma operação Long Short a qualquer momento, não importando se a Bolsa estiver em momentos de alta ou de baixa.

Boas chances de lucro

Por fim, uma operação Long Short tem grandes chances de ser lucrativa. De todos os cenários possíveis, pelo menos 3 deles garantem rentabilidade ao investidor:

  • A primeira é onde a ponta comprada se valoriza e a vendida se desvaloriza;
  • a ponta comprada se valoriza mais que a ponta vendida;
  • E por último, a ponta comprada se desvaloriza menos que a ponta vendida.

Quais as dicas para realizar uma estratégia de L&S?

Se você se interessou pela possibilidade de realizar uma operação Long Short, agora que já entendeu como ela funciona e quais as suas vantagens, veja como colocar a estratégia em prática com algumas dicas de investimento!

Identifique o Índice Beta dos ativos

Para mitigar os riscos de uma operação Long Short, é importante ter atenção ao Índice Beta dos ativos que pretende inserir na estratégia. Verifique a série histórica e leve em conta a variação atual dos dois papéis.

Verifique os custos da operação e garantia exigida;

Como vimos acima, um Long Short tem certos custos (aluguel dos ativos, taxa B3, emolumentos e corretagem), além de exigir garantias específicas, dependendo do volume da operação.

Por isso, verifique todos esses detalhes antes de fazer a sua estratégia de ação, não só para garantir que terá como cobrir o investimento caso dê errado (há uma multa de 10% se você não devolver os ativos alugados), mas também para calcular adequadamente os seus ganhos.

Programe corretamente o Stop Loss e Stop Gain

O stop loss é uma medida criada para evitar que você perca muito do seu investimento em caso de distorção do mercado. Como você está trabalhando com a variação da correlação de valor entre dois ativos, é importante programá-lo adequadamente para limitar as suas perdas.

O stop gain, por sua vez, é o contrário: é um limite à valorização de determinado ativo. O ideal é montar sua operação usando o stop loss da ponta comprada e o stop gain da ponta vendida como elementos de proteção contra prejuízos altos demais.

Garanta uma proteção em caso de perda

Por se tratar de uma operação especulativa com base no mercado futuro, é importante não colocar todo o seu patrimônio em um Long Short, para evitar ter prejuízos muito graves. Assim, o ideal é ter uma rede de proteção com outros investimentos para garantir que sua vida financeira não sofrerá um baque irreversível caso a operação falhe.

Quanta coisa vimos hoje, não é mesmo? No entanto, agora você já sabe exatamente tudo que há para aprender sobre a operação Long Short e pode inseri-la na sua estratégia de investidor.

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